segunda-feira, 16 de junho de 2008

À Partir De...

Hoje, vou entrar num assunto delicado e que não é muito a minha área, portanto, se alguém quiser me convencer do contrário, por favor, o faça nos comentários, pois serão todos lidos e, caso mereçam, respondidos.

É que, há algum tempo, me incomoda uma "saída pela tangente" do marketing varejista, que adora "apunhalar o consumidor pelas costas", ou "pegá-lo no contrapé", como diria algum goleiro por aí: o já famoso "à partir de".

Vou dar um exemplo de caso da "jogada" de marketing do varejo brasileiro: você vai até uma grande rede de hipermercados e se depara com uma prateleira de cd's. Chega perto e vê o precinho convidativo de R$12,00 (R$11,99, na verdade) pelos CD's, mas não repara que, acima do preço, obviamente fora do balão que o informa, em letrinhas miúdas, está o "à partir de", discretamente estampado.

Você remexe a prateleira em busca de um CD que preste (primeiro erro do ingênuo consumidor) e descobre que a prateleria, na verdade, deveria ser de "à partir de" R$19,00 (R$18,99), mas nem esquenta e continua procurando.

Quando você acha um CD que "não tem preço", e é exatamente aquele que você levaria, caso ele custasse R$11,99. Mas, escaldado que você é, você vai ao leitor de código de barras, que não funciona. Procura outro, geralmente do outro lado do mercado, e descobre que, caso levasse ao caixa, pagaria não menos do que R$32,00 (R$31,99). Larga o CD na sessão de bebidas, desapontado, e volta para casa.


Outro exemplo, não muito diferente, é o da loja de roupas que, para atrir o seu consumidor estilo "ratoeira" coloca na porta da loja "camisas 'à partir de' R$20". Você entra na loja e, não antes de ser importunado por um vendedor oportunista ("meu nome é Mário, se precisar de alguma coisa"), você descobre que precisa atravessar a loja inteira para chegar numa arara com cinco camisas de R$60, que fazem parte da promoção, afinal, as que não estão em promoção, geralmente aquelas que não te fariam passar vergonha ao vestí-las, custam "à partir de" R$120.

Esta semana, que eu fiquei inteira sem postar aqui no Blog para tentar, em vão, realizar meu sonho da casa própria, me deparei com um site de uma construtora que se gaba de fazer "imóveis a preços que você pode pagar". Até aí, tudo bem: dependendo de a quem eles se dirigem, eles podem não estar falando comigo, certo? Pois bem: chafurdando no site, reparei que os apartamentos não tinham preço, apenas informavam, todos, que tinham prestações "à partir de" R$240,00.

O consumidor ingênuo (eu, por exemplo) se sente feliz com isso. Imagine você passar a pagar para alguém a metade do que você paga de aluguel e, ao invés de jogar esse dinheiro a um "fundo perdido", você investir em algo que será seu?

Animado, você quer logo falar com alguém e, logo, se vê conversando com um robô on-line, que só sabe dizer duas coisas: "todos os empreendimentos da Construtora ***** têm preços 'à partir de' 58 mil reais" e "para maiores informações, o senhor terá que conversar com um vendedor direto na loja da *****". Mesmo assim, você fica feliz, desmarca todos os seus compromissos (afinal, o que e mais importante do que a sua casa própria?) e marca com eles no sábado, às 16h.

Chegando à loja, você se anima com a classe social das pessoas que estão sendo cordialmente atendidas na loja: todas parecem receber menos que você. Você é prontamente atendido or um vendedor que não é o que marcou com você e fica sabendo das más notícias:

1. O apartamento não custa R$58 mil, mas R$90 mil. Os imóveis de R$58 mil ficam do outro lado da cidade, e lhe obrigariam a pegar dois trens lotados+ônibus para chegar no seu trabalho o qual, atualmente, você só anda dois quarteirões para chegar.

2. A sua renda mensal é a metade da exigida para o financiamento deste apartmento.

Agora, tudo isso poderia ter sido evitado com uma simples mudança de atitude da construtora. Ao invés de colocar que o imóvel (qualquer um deles) pode ser comprado com prestações "à partir de" R$240, ou informar, via atendimento eletrônico, que qualquer um dos empreendimentos tinha preços "à partir de" R$58 mil, colocar coisas menos simpáticas, porém, mais esclarecedoras, do tipo "prestações de acordo com a renda do comprador - rendas à partir de R$2 mil", ou "imóveis com preços entre R$58 mil e R$200 mil", ou, ainda, simplesmente colocar o preço do imóvel no site.

Isso não deveria nem precisar da tal "auto-regulamentação". É uma questão ética: tratar o seu consumidor com honestidade e respeito. Afinal, o cara que, como eu, vai até lá quebrar a cara, não vai poder MESMO comprar o imóvel, nem vai se mudar para o outro lado da cidade e pegar duas horas (no mínimo) de trânsito para ficar longe da família e do trabalho, só para ter seu imóvel (para isso, eu compraria algo em Santos, que tornaria vários aspectos da minha vida pessoal, incluindo conjugal e de saúde, muito melhores).

É só perda de tempo para o "não-comprador" e para o "não-vendedor", que poderia estar atendendo alguém que REALMENTE possa comprar o imóvel pretendido.

Faz um tempo que eu reclamo do "à partir de", mas, este final de semana, eu realmente perdi a paciência. Uma coisa é fazer isso com um CD, numa prateleira ruim, que vai fazer você gastar uns trocados a mais, ou não; outra coisa é você brincar com um sonho de uma pessoa e fazê-la quebrar a cara na frente da família.

Não sei qual é a regulamentação da publicidade em relação a isso, mas acho que é uma saída suja para evitar processos por propaganda enganosa.

Me corrijam se eu estiver errado.

terça-feira, 3 de junho de 2008

O estúpido e o extremamente inteligente

Li no site G1 que está rolando um "stress" entre a galera do Radiohead e o Prince.

A história é a seguinte: O astro pop americano, que sempre se achou a maior referência artística do mundo desde Beethoven (apesar de fazer uma música pra lá de legal pra porra, o Prince nunca foi 1% do que ele acha que é), ao saber que a sua interpretação de "Creep", do Radiohead, feita em um show, foi parar no Youtube, mandou ao Google, através da diretoria de sua gravadora, uma ordem, seguida ao pé-da-letra, de retirar de seus sites toda e qualquer menção fotográfica, auditiva e/ou audiovisual de seus sites, alegando quebra de direitos autorais.

Até aí, vá lá, era de se esperar, vindo de quem veio.

Só que, aí, o baterista do Radiohead ficou sabendo do vídeo, e quis acessá-lo e, obviamente, não conseguiu. Contou pra banda e, todos juntos, liderados por Tom Yorke, soltaram uma ordem inversa ao Google, como que num "peraí, a música é minha e vai tocar na internet, sim!"

Até onde eu sei, a briga está na justiça.

É isso aí, Radiohead!

Depois dessa, eu até perdôo o último retrocesso de vocês!

"parênteses"

"Eu cavo, tu cavas, ele cava, nós cavamos, vós cavais, eles cavam... Não é bonito, mas é profundo."

tirado do blog http://franciskolwisk.blogspot.com/