segunda-feira, 26 de maio de 2008

Programa Argentino, Humor Brasileiro e Muito Cérebro


O que fazem sete marmanjos com caras de moleques, usando ternos e óculos escuros fazem na sua televisão todas as segundas-feiras à noite?

Jornalismo? Humor? As duas coisas?

Pois é, o CQC: Custe o Que Custar, que passa na Band, às Segundas, às 22h, é, arrisco eu, o melhor programa da atual TV brasileira. Brasileira? A idéia do programa é argentina.

Não sei se você lembra daqueles caras que cuspiram na água do Parreira, nas eliminatórias da última Copa do Mundo. CQC.

A idéia é bem simples e ousada, ao mesmo tempo: fazer um programa jornalístico com muito humor, mas um humos ácido, contundente e de protesto.

Qual programa de humor, no Brasil, já foi até um bairro chique e chamou a polícia porque o bairro havia sido fechado? Que outro programa já fez um "teste de honestidade" e nos levou a pensar se temos, mesmo, moral para reclamar dos nossos governantes?

Talvez eu esteja exagerando, porque este programa me lembra muito as brincadeiras da época da faculdade (a galera, aí, se lembra do "HEIN?"), muito parecidas com o que os caras do CQC fazem. Os do PÂNICO, também, mas o CQC faz com muito mais estilo, mais cérebro, mais maturidade.

O PÂNICO é a brincadeira pela brincadeira, o CQC é a brincadeira um passo à frente, muito mais elaborada.

Mas acredito que valha, e muito, a pena ficar por uma hora em frente à telinha, sem fazer nada, sendo metralhado por muita política, humor, cultura e gargalhadas.

Um voto a mais para o "repórter inesperiente", que já tirou do sério gente do "gabarito" de Datena, Leão Lobo, Marcelinho Carioca e Gretchen, entre outros.

Fora o "proteste" e o "top five", impagáveis!

É a catarse no seu melhor estilo, do jeito que só a Televisão pode fazer, mas não vinha fazendo há anos, num programa argentino, mas, definitivamente, com seu "jeitinho brasileiro".

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Pra quem quer conhecer Kenny Brown

terça-feira, 20 de maio de 2008

O Pai do Rock


Sábado, cheguei a uma conclusão óbvia, mas que nunca tinha ficado tão na minha cara antes.


Sabe quando você sabe que uma coisa é aquilo, mas nunca tinha conseguido provar "por A+B"?


Pois é.


O BLUES é o pai do ROCK.


Na Virada Cultural Paulista, que rolou em 19 cidades do Estado de São Paulo, incluindo Santos, onde eu estava, Kenny Brown, guitarrista e cantor vindo de New Orleans, deu-nos uma aula de como se faz música, com técnica, improviso e muito carisma.


Resumindo: o cara APAVOROU!


Já tinha visto shows de Blues e Jazz antes, vários, todos muito, muito bons, sempre, mas nada parecido com o que Kenny Brown fez no palco da Praça Mauá, com uma banda de garotos (mesmo!) brasileiros, também extremamente talentosos. Ao ponto de nunca terem tocado juntos antes, em suas vidas, e terem feito um show sensacional. O tecladista tinha momentos espetaculares, durante o show; o baterista estava fazendo o show da vida dele e o baixista tem uma técnica espetacular.


O ponto fraco ficou para a organização da Virada em Santos, pois, fora do show de Kenny Brown, que teve "pontualidade britânica", o restante das atrações teve atrasos insuportáveis, chegando o ápice no show de Toni Garrido, que era para ter começado 0h15 e começou apenas à 1h40.


Fora o público, escasso e desanimado nas apresentações.


Uma decepção.


Talvez eles se animassem mais se, ao invés de música, colocassem o MC Créu no palco.


Lastimável.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

No Paper

Estive outro dia numa reunião de trabalho, na qual chegamos à conclusão de que a mídia impressa está chegando ao seu fim.

Com exceção daqueles mais tradicionalistas, o público em geral, adicionado do não-público em geral (aqueles que não lêem nada em hipótese alguma), hoje, já prefere a Internet como fonte principal de conteúdo. A única mídia que ainda concorre com a internet é a televisão e, mesmo assim, a TV tem tido que se desdobrar para apresentar um conteúdo moderno, atrativo e, até, interativo para, ao menos, deixar de perder espaço para a "mídia pessoal".

Fato: é trabalhoso, caro e demanda tempo demais você buscar informação e conteúdo em mídias impressas com a agilidade e quantidade que se encontra na internet. Qualquer que seja seu interesse, seja informação em geral, informação segmentada, entretenimento, séries, vídeos, jogos, qualquer conteúdo que você procure, é certo que você ache na internet e possa ver na tela de seu computador.

Vou dar como exemplo algo bem próximo de mim, que é a revista em que trabalho: o nosso conteúdo on-line já é, há algum tempo, muito mais interessante que o conteúdo impresso. Tanto para associados quanto para anunciantes. Do lado dos associados, todo o conteúdo da revista, inclusive uma versão em tela idêntica à impressa, inclusive, com a mesma dinâmica, mais conteúdo exclusivo para a internet, que inclui uma infinidade de vídeos, possibilidade de interatividade com o conteúdo, um canal de compra-e-venda, acessoria on-line (a revista é para um público segmentado e profissional) e muito mais coisas, que só vão aumentar. Do lado do anunciante, há a possibilidade de muito mais espaços, dos mais variados, para anúncios muito mais atrativos e que, além de ter um novo formato e mais penetração, uma vez que o conteúdo da internet, dependendo do setor do site, não chega apenas para associados, há a possibilidade do canal direto, em que o leitor não precisa parar de fazer o que está fazendo para entrar em contato com o anunciante, uma vez que está num veículo muito mais dinâmico - e multi-tarefa por natureza -, através de link.

Há ainda o argumento do já modê "ecologicamente correto", no qual se diz que clientes estão deixando de comprar revistas impressas em prol do planeta. Fora a "crise dos alimentos".

Um problema que existe, ainda, é a falta de credibilidade da internet, uma vez que é um meio facilmente "burlável" e "falsificável", mas isso pode ser driblado pela credibilidade de veículos já existentes: uma vez que revistas e agências de notícias e televisivas já tinham um público pré-internet, os veículos "arrastariam" seu público e, depois, um público novo para seus sites.

Mas é fato, mesmo, que o futuro é a internet. Mais barata, flexível e cheia de possibilidades, o veículo que continuar achando que sua versão impressa é mais importante que sua versão on-line vai ficar para trás.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Créu, Quadrado, Outros e o desabafo

Vamos falar de música?

Música?

Estava eu rondando blogs por aí, e senti que tinha que falar um pouco da mediocridade do público "musical" brasileiro. Cara, se eu quisesse abrir o "Frut Loops", o "Audition", escrever umas baboseiras ridículas (nunca escrevi, mas minha namorada é testemunha de como sou bom em criar essas idiotices no modelo que o mercado gosta), gravar, enfiar uma coisa em cima da outra e fazer o maior sucesso!

Aliás, por que eu não faço isso? Eu ganharia, aí, alguns milhares de reais, talvez milhões, e poderia fazer o que quisesse da minha vida, à partir daí. Fora, talvez, ter que enfrentar o estigma de pessoas como eu mesmo, que preferem pessoas que não se submetem ao ridículo na vida...

A história fonográfica popular brasileira prova que o povo gosta do grotesco, mesmo, mas sabe que isso é grotesco e, quando alguém que se submeteu a isso tenta não mais se submeter, está fadado(a) ao fracasso.

Mesmo assim, a fábrica do grotesco não pára, e está cada vez mais grotesca. Gretchen e Rita Cadillac eram grotescas, como muita coisa que passava pelo Chacrinha, mas não foram nada comparadas a É o Tchan (que chegou a se chamar Gera Samba), que não se compara às personagens Tiazinha e Feiticeira, que, por sua vez, não se comparam à Dança da Motinha (sic), ou o Funk do Tigrão, que não se compara à "grotesquice" da Dança do Créu, que já foi ultrapassada pela já "famosa" Dança do Quadrado.

Dentre uma ou outra "grotesquice" que citei acima, existem milhares de outras, algumas com duração considerável (temos que aturar os frutos do É O Tchan até hoje), outras, às vezes, graças a alguma intervenção divina (não tenho religião, mas isso não vem ao caso, agora), duram menos que uma semana.

Mas o fato é que, se existe a oferta, é porque existe uma demanda.

E é isso que me assusta!

Para haver a oferta tão abusivamente abundante, alimentada pelo mercado das revistas de mulheres nuas, "Brasileirinhas" em geral, Domingões, Legais ou não, Chacrinhas, Bolinhas, Elianas, Serginhos, Mallandros ou não e programas de humor em geral, precisa de uma demanda igualmente montruosa.

E isso explica porque não conseguimos nos manter alheios a essa "promiscuidade grotesca gratuita". Não é justo, eu sei, pois procuramos saber, sempre, de novidades do cenário alternativo de qualidade, nem sempre tendo sucesso, e ainda costumamos nos deparar com algum imbecil movido a "Mulheres-Melancia" que nunca ouviram falar em "Hitchhiker's Guide to The Galaxy" ou que nunca sequer escutaram um acorde de Jack White, ou pior, nunca ouviram falar de Queen, mas nós estamos facilmente vulneráveis a "Créus" e "Quadrados", gritados e "hinificados" pelos quatro cantos da sociedade, repleta de babacas donos de sons potentes em carros ridículos, ou mesmo sons não-potentes, mas que adoram obrigar os outros a escutar o que eles escutam, ou a programas de TV, retro-alimentados de "grotesquidão", que só vendem publicidade atraindo os mesmos fúteis que você encontra nas ruas, em barzinhos, ou em qualquer ambiente fechado, seja qual for o nível de graduação do indivíduo.

Tal cultura nacional resulta em pessoas que não concebem que "uma pessoa vá a um lugar escuro e, simplesmente, se sente em frente a uma tela enorme, durante duas horas, sem proferir uma palavra". Isso porque ela não sabe que o silêncio é a maior das sabedorias, que a cultura se adquire em silêncio e que, sabiamente, Romário já dizia que, caladas, algumas pessoas são "poetas" ou "poetizas".

Desculpem os neologismos.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

A política em todas as suas proporções

Do extremamente politizado ao nem tanto, esse fim-de-semana foi agitado, para mim.

Sábado, assisti a um peça deveras interessante: extremamente densa, com poucos pontos de respiro (bem-posicionados, por sinal), cheia de referências históricas e com atores muito bons, além de um texto bem trabalhado. Este é o resumão de "RASGA CORAÇÃO", que foi apresentada uma única vez no SESC Santos.

Contando a vida de um operário "Getulhista", sindicalista, que lutou na revolução de 1930 e conquistou tudo aquilo que temos de direitos trabalhistas, hoje, mas que, na década de 1970, onde se passa a maior parte da diegese da peça, tem problemas em mostrar os resultados de sua ideologia e luta para o filho, que vê nele apenas um homem ultrapassado.

Discutindo sobre o que é "novo" e o que é "revolucionário", o texto vai nos mostrando que uma coisa não tem nada a ver com a outra, na maioria das vezes, e que, se formos olhar direito, a história costuma se repetir, e aquilo que costumava se pensar obsoleto pode ser a solução para o futuro, e aquilo que se consideraria revolucionário é, na verdade, apenas mais do mesmo.

Que a história é cíclica, todos nós sabemos, e que o mundo dá voltas, também. Mas a forma que a peça aborda isso é contundente, chegando a criar arquétipos sociais, que podemos, facilmente, localizar nos tempos atuais.

Boa pedida para quem estiver em São Carlos neste fim-de-semana próximo, pois eles se apresentarão no SESC daquela cidade, no Sábado, dia 10/05.

Depois de ver esta peça, resolvi que domingo seria o dia de tomar a minha dose cavalar de Blockbuster.

E fui assistir ao filme do "HOMEM DE FERRO".

Confesso que nunca li uma HQ dele, e nem pretendo ler num futuro tão próximo (já está difícil de ler as que eu me interesso MUITO), mas posso dizer que conhecia a história do herói, e, também, vou dizer que, apesar das repaginações - compreensíveis, uma vez que o Vietnã já foi, e a guerra de hoje, cíclica como é a história, é a do Afeganistão - o filme é bastante fiel às HQ's.

Tony Stark é um playboy irritantemente esnobe, arrogante e chato. Tanto, que você quase pede pra que ele morra no início do filme. Robert Downey Jr. fez um excelente trabalho (ele deve ter se identificado com a personagem), melhor do que se poderia imaginar de Tom Cruise, ator previamente escalado para fazer a protagonista.

O roteiro é um primor. Todo amarradinho, com um texto extremamente inteligente e crítico (vamos entrar nesse mérito mais pra frente), o filme te pega no comecinho, e vai jogando, para fãs e leigos, até o final. A forma como é construído o vilão é sensacional e, apesar de sem muitas surpresas, o mistério é mantido até a hora exata, criando uma tensão entre Stark e seu real rival.

Apesar de eu não gostar dessa idéia, passada pelo filme, de "tudo bem se for para nós", cultuada pela sociedade americana, aparentemente, o mote do filme é mesmo dar um tapa-na-cara da indústria armamentista do Tio Sam. O fato de Tony Stark resolver parar de produzir armas de destruição em massa só quando elas se voltam contra ele, e quando ele "acaba descobrindo" que sua indústria também vende para "terroristas" é criticável, mas é melhor do que nada, e muita gente deve ter se sentido incomodada com o discurso da película.

No fim das contas, é um excelente filme, divertidíssimo, e mereceria que todos saíssem da sala, passassem na bilheteria e pagassem outro ingresso para ver os créditos, quando o imbecil do projecionista resolveu acender a luz, para estragar o prazer de quem gosta de ver quem fez o filme (além de conhecer os filmes da Marvel).

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Decepção

Recuperado da Virada Cultural e da muvuca (complicada, mas valeu a pena) nos shows de Cachorro Grande, Arnaldo Antunes, Lobão e Ultraje a Rigor, retomemos o Blog.

Retomamos, hoje, para falar de uma decepção. Em matéria do G1, li que o Radiohead não mais repetirá o esquema do "pague quanto quiser", executado no álbum "In Rainbows", último da banda.

Para quem não sabe o que foi, a banda Radiohead, ano passado, rompeu o contrato com a gravadora e realizou, com a própria grana e as próprias pernas, o projeto de um álbum, que, ao ser finalizado, pôde ser baixado pelos fãs, via internet, na íntegra, pelo preço que quisessem pagar, até 100 Libras. Para quem ainda gosta da coisa fixa, tinha o box do CD, que custava 60 Libras, mais o frete.

Foi um sucesso: em poucos dias, para se ter uma noção, foram baixadas 1,2 milhões de cópias do álbum, estimando-se um faturamento superior a 10 milhões de dólares.

Pois é. Com nova assinatura, dessa vez com a gravadora XL Records, a banda diz que o "pague quanto quiser" serviu ao seu propósito, dentro de seu contexto, e que não servirá mais, afinal, o contexto, hoje é outro.

Desculpem, mas eu discordo.

Acredito que o sistema é o mais próximo do estimado "futuro ideal" da indústria cultural, uma vez que elimina intermediários (gravadoras) entre o público em geral e o artista, possibilitando maior criatividade e melhor preço às obras.

As gravadoras, sim, serviram ao seu propósito, mas, hoje, representam um mal à indústria fonográfica, uma vez que atingiram um "paradigma" a cada gênero musical, expelindo lixo atrás de lixo nas rádios, hoje reféns do "jabá" das mesmas gravadoras, e nas TV's, seja em programas de auditório, seja no formato vídeo clipe.

Espero que a atitude de "re-volta às origens" (a volta às origens do Radiohead havia sido o rompimento com a gravadora) tenha sido só do Radiohead, e que outras bandas, como Lobão, Prince e Nine Inch Nails não tomem, novamente, o mesmo caminho do Radiohead, ficando na cena independente, disponibilizando os álbuns para download (no caso do Lobão, CD em bancas de jornal) por muito tempo, ainda.