quarta-feira, 29 de abril de 2009

Mais uma crônica de outra morte anunciada.

Agora é oficial.

Depois de muitas tentativas de contato e de eu ser muitas vezes ignorado, infelizmente, de acordo com nota publicada no site UNIVERSO HQ, a EDIOURO, atual única dona da Pixel, hoje transformada em apenas um selo de quadrinhos dentro da Ediouro, rompeu seu contrato com a DC e não mais publicará as séries dos selos Vertigo, Wildstorm e ABC, que vinham saindo nas revistas Pixel Magazine e Fábulas Pixel, que estão oficialmente canceladas, ou em forma de encadernados e minisséries.

Mais uma vez, os altos prejuízos causados pela baixa vendagem e os altos custos, agravados pela alta cambial e a crise internacional, desta vez, são as desculpas.

O próprio Universo HQ fez críticas às desculpas e, convenhamos, eles esão certos. É fácil demais culpar as baixas vendas e a crise pelos prejuízos, tirando a responsabilidade de si, em vista da parca distribuição, os atrasos e, principalmente, o descaso com campanhas publicitárias para promover o material publicado.

O público leitor de quadrinhos juvenis e adultos aqui, no Brasil, já é ridículo. Já é conhecido que, aqui, lemos Mônica, e só. A tiragem de outras revistas em quadrinhos é baixíssima. A Panini consegue sobreviver neste mercado devido à grande quantidade de títulos e muita competência na divulgação do material. A Wizard (Wizmania) não é apenas uma forma de propagar notícias, mas, também, uma jogada genial de marketing.

Nada, em lugar nenhum, sobrevive sem divulgação, ainda mais se você levar em consideração que não é cultura do brasileiro ler, muito menos histórias em quadrinhos. O estigma de subliteratura sobrevive firme e forte por aí. Materiais como Sandman, Fábulas, Hellblazer,   Preacher e Monstro do Pântano são tão bons quanto surpreendente para 90% da população que, quando faz amizade com um indivíduo que lê quadrinhos discretamente (porque, quando ele torna pública a paixão dele por quadrinhos, imeditamente é marginalizado e rotulado como "infaltil" ou "nerd" ou qualquer coisa perjorativa -- não que nerd, hoje, seja perjorativo -- que você imaginar), acaba pegando na mão um material destes e percebe que o preconceito que tinha com os quadrinhos até aquele momento era apenas isso, mesmo, e que quadrinhos podem ser dirigidos para um público maduro, que espera boa literatura.

Acreditar que simplesmente a qualidade, indiscutível, do material vai fazê-lo vender, por si só, é uma ingênuidade que o mercado brasileiro não perdoa. E achar que São Paulo sozinha vais sustentar o selo também é primário. E São Paulo, quando eu digo, é a cidade, e não o Estado. Até pouco tempo, eu estudava em São Carlos e, até hoje, costumo comprar as minhas coisas em Santos, onde passo meus fins de semana e sei que é virtualmente impossível encontrar material que não seja mangá e Panini (esta última, também, com alguns problemas de divulgação) a não ser em bancas especializadas e, mesmo assim, há muito material que, nas poucas vezes que chega, é irregular, faltando edições etc.

Pra citar o caso mais crítico, em São Carlos, onde eu estava quando a Pixel começou a publicar a Pixel Magazine, eu esperava um mês inteiro depois da revista chegar em São Paulo para uma única revistaria da cidade receber três exemplares (quando muito) e um era meu!

Vamos levar em conta, aqui, também, que o trabalho editorial, incluindo qualidade gráfica, tradução, escolha dos títulos, maneira que eram publicados, preço etc., era excelente.

Mas o mercado brasileiro é cruel com quem comete erros com ele.

Só nos resta esperar que alguém pegue este material e dê continuidade, senão nos mesmos moldes, ao menos publique até o final as obras que chegamos, até, a nos acostumar em ler e a esperar o(s) mês(es) inteiros nsiosamente pela continuação.

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