quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

QUADRINHOS E CINEMA parte 1

Por que não dá certo

Na longínqua década de 1890, década de imensos avanços artísticos e tecnológicos para toda a humanidade, estavam surgindo e começando a engatinhar duas formas de arte e entretenimento revolucionárias, distintas e, ao mesmo tempo, tão próximas quanto temos um dedo do outro: o eloqüente e todo-poderoso cinema e a humilde, porém também toda-poderosa história em quadrinhos. Essas formas de expressão tão claramente distintas entre si têm tanto pontos em comum quanto os DNAs de irmãos gêmeos. Para começar, o roteiro é escrito quase da mesma forma e o que vemos no produto final das HQs é cada vez mais freqüentemente usado na chamada pré-produção dos filmes que vemos na grande tela. Porém, não vamos nos alongar muito nessa questão. Aonde queremos chegar é que com tão grande proximidade seria impossível segurar uma certa intertextualidade entre as duas áreas.

Mas não pense que foi sempre assim fácil criar adaptações de HQs para a telona. Uma imensa gama de filmes péssimos (é claro que não péssimos estilo Glitter ou Xuxa e os Duendes, nosso patamar é um pouco mais acima), tão ruins a ponto de as editoras recolherem as fitas de vídeo, deixando no mercado apenas as cópias piratas sobre as quais não obtinham o controle desejado. A editora em questão é a Marvel comics, cujo filme do Quarteto Fantástico (não esse com a Jéssica Alba, um outro, feito na década de 1990), de baixo orçamento e requintes de filme “trash” (o Coisa parecia uma tartaruga ninja, o Reed Richards é literalmente de borracha e a mão do Sr. Destino se move após a decapitação), foi tirado das prateleiras antes mesmo de ter sido feita uma cópia legendada em português. E a Marvel é a mestra em questão de fazer filmes ruins, haja vista todas as tentativas de Capitão América (blérg), as esforçadas versões de Hulk com Lou Ferrigno (Uma delas com a aparição de um raquítico e estúpido Thor), o filme para TV da Geração X e outros.

E como a concorrência lá nos “States” é acirrada, a DC comics não poderia ficar de fora dessa briga pelos piores filmes de todos os tempos. A quantidade é menor, mas a qualidade não deixa de decepcionar. Veja como exemplo o filme da Liga da Justiça (de vez em quando o SBT passa esse filme durante a tarde) em que metade dos heróis é gorda (pasme: o Flash é quase um balofo!) e a outra está pelo menos fora de forma. A acrescentar um roteiro fraco, com diálogos ruins e um fim esdrúxulo. Os efeitos não são ruins, mas estão longe de serem bons. Foi isso o que fizeram com a Liga. E a DC não pára por aí, também, não! Com certeza você já assistiu Batman: o retorno, Batman: eternamente e o clássico da comédia Batman e Robin (os dois últimos dirigidos pelo difamado diretor Joel Schumacher), onde nosso cavaleiro das trevas é tratado mais ridiculamente do que era na famosa série da década de 70 (ai!!!!!!!).

E não são apenas as duas maiores editoras que se reservavam ao direito de fazer filmes idiotas. Há ainda filmes de editoras menores, com menor responsabilidade, que não ficam muito a desejar na produção de pérolas. Tank Girl, Barb Wire (com a “excelente” atriz Pamela Anderson), o filme para a TV da Witchblade (piloto para a série), Spawn e muitos outros que, de tão ruins, nos fogem à cabeça de vez em quando, levando-nos a crer que, apesar de tal semelhança e reciprocidade, quadrinhos e cinema nunca deveriam ter tentado se misturar. Se pensássemos todos assim, Deus sabe o erro que estaríamos cometendo.

Continua...

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