domingo, 13 de janeiro de 2008

"Minha meta é torrar um milhão de dólares"

Finalmente!

Minha abstinência cinematográfica foi-se!

E foi-se em grande estilo, diga-se de passagem.

MEU NOME NÃO É JOHNNY não só é um excelente filme, como conta, de forma interessante, a história de uma pessoa, no mínimo, peculiar. Isso sem contar que, mais uma vez, denuncia as atrocidades que o "sistema" brasileiro é capaz de cometer.

O filme é ótimo: a começar pelo show de Selton Melo, pra mim, o melhor ator brasileiro em atividade, autor da primeira "frase célebre" postada aqui, neste Blog, e que deu uma aula de interpretação, mais uma vez. Disse ele, em uma destas entrevistas de Televisão, que o verdadeiro cara, o tal do Johnny, João Guilherme Estrela, esteve ao lado dele o tempo todo, no set do filme, mas que não deu palpite nenhum, e que ele mesmo, Selton, não se inpirou nem um pouco na "personagem da vida real", tentando dar uma leitura do que ele mesmo interpretou do livro do cara.

Decisão, no meu ver, acertadíssima: geralmente, quando uma pessoa tenta copiar alguém que existe, a coisa fica meio mecânica. Por mais que você consiga conhecer a pessoa durante o laboratório, este conhecimento é superficial, é só uma faceta da pessoa, e você pode levar as pessoas da sala do cinema a interpretar de forma errada algumas das passagens da vida dela.

Como o próprio filme diz, hoje, João Estrela é uma pessoa recuperada, não é mais aquele maluco do passdo, que levava a filosofia "Zeca Pagodinho" ao pé-da-letra, deixando com que as coisas que aconteciam na vida dele o arrastassem para o caminho que, para ele, teve volta, mas que, para muitos, como o tal psicólogo dedo-duro, não teve.

Mas Selton não veio com uma personagem caricata, nem exagerada. Veio para nós como uma pessoa factível, cheia de carismas e defeitos, que se encaixava perfeitamente na história contada, como se ele mesmo, Selton, tivesse vivido aquilo. Achei realmente impressionante e realista.

Os outros atores também foram muito bem, com destaque para a "atriz bonitinha", Cléo Pires, que, no cinema, mostrou que não é somente o rosto bonitinho que aparece de vez em quando numa novela ruim do Manoel Carlos, e para a Cássia Kiss, juíza linha-dura do filme, que realmente meteu medo a quem via o julgamento..

Isso mostra, entre outras coisas, que a equipe de direção é competente. Pra caramba. Os diálogos dinâmicos do filme (ponto pro roteiro) e a decupagem perfeita faziam-nos entrar na personagem, por mais mau-caráter qe ela pudesse parecer e, juro, até eu me senti identificado com João Estrela por momentos no filme.

A famosa "montagem de vídeo-clipe", modernamente clássica, já, se fez presente no filme, com um rítimo muito bom, o que não deixava o espectador dormir no ponto. diga-se de passagem: eu vim de uma semana estressante e estava morrendo de sono ao entrar na sala de cinema. Não dormi. O filme, pelo contrário, caiu como um litro de café no meu cérebro, e eu acabei indo pra cama às três da manhã.

O ponto fraco do filme fica para a fotografia. Não que ela seja ruim, eu acho que a luz e o contraste das cenas, os movimentos de câmeras e os enquadramentos estavam perfeitos. Profissionais ao extremo, o que contraria a teoria de que o cinema nacional ainda é por demais amador (só acho que quem faz filme deveria pagar a equipe, por mais estagiários que ela tenha, e, com isso, eu posso estar cavando a minha própria cova, expondo um lado podre do audiovisual brasileiro, apesar de, como não tenho contato com a alta cúpula do cine-brazuca, não consigo acreditar que esses filmes que dão certo ajam com tal amadorismo). O problema da fotografia do filme está na escolha da película. Não sei nem se estou certo, mas parecia super-16, e não 35mm.

Os grãos saltavam da tela de uma maneira que, por vezes, deixava a imagem ininteligível demais!

Claro que teve o lance de "piorar" a qualidade da imagem quando ela falava do passado de Johnny, mas não é disso que eu estou falando. Estou falando do geral do filme, que estava difícil demais! Por momentos, eu não sabia quem era o ator ou a atriz que estava em cena, pois os grãos eram tão grandes que a quantidade de detalhes que a imagem mostrava era ridiculamente ínfima.

Talvez isso tenha sido proposital, talvezz tenha sido super-16, talvez tenha sido "bleach by-pass", e eu tenho consciência que esta crítica é uma manifestação de gosto pessoal, mas acho que, por mais estilo que você coloque no filme, é melhor que o espectador entenda o que ele está vendo, pelo menos imageticamente falando.

É o que eu acho, e você pode discordar de mim aqui, nos comentários, se quiser.

Mas o filme é muito bom MESMO e eu, se fosse você e não tivesse ido ver, ainda, seja por preguiça ou por puro preconceito, iria ver.

2 comentários:

Ian disse...

Só pra constar: Selton, e não Celton, né, hahaha

Luiz Salles disse...

Devidamente corrigido.

Valeu, Ian!